terça-feira, 6 de junho de 2023

O encantado vai além de nossa visão, o encantado é o mistério que não devemos querer explicar.

 Falar sobre o mundo da encantaria é sempre um tema em que muitos tem muitas histórias (ou até mesmo estória) a falar sobre caboclos ou encantados. O tambor de mina divide-se em famílias, a palavra família nos remete a idéia de laços biológicos sanguíneo, o que acontece é que em muitas das vezes tentamos nos aprofundar nos estudos históricos e antropológicos sobre a figura do encantado, e se cria uma certa confusão sobre a história de cada um, as vezes com versões bem diferentes um querendo provar para o outro a "verdadeira". Digamos que muitos(a maioria) esquecem de um detalhe, o mundo dá encantaria está entre nós entrelaçado ao nosso plano físico, mas não o vemos, como diz Aleixo légua "quem vai pra lá não volta, lá é o mundo do contrário onde o céu fica embaixo e o rio em cima, lá o tempo não passa lá é aqui, mas aqui não é lá" o que ele quis dizer, é tudo um mistério! E é esse mistério que move a fé na encantaria, não precisamos querer provar o encantado.

 Mariana,jarina e Herondina são irmãs não pelo fator biológico, até porque há controvérsias de várias versões da história de cada uma dessas encantadas. A história do povo de légua,  os chamados "legítimos" também não precisa fonte científica. O encantado vai além do laço biológico sanguíneo, se as turcas dizem que são irmãs, elas são! Se légua não teve filhos e acolheu os primeiros 22 na sua encantaria, são filhos legítimos de légua sim!  No mundo do encantado toda visão do plano físico se perde, não vale mas, é uma condição nova . A encantaria é acolhedora, ela uni, transforma o turco em índio, transforma reis em curandeiros, mas que isso a encantaria desperta esses seres espirituais de suas antigas encarnações para trabalhar da melhor forma para melhor nos ajudar e nos dá caminho. 

O sagrado não se explica, se sente  é como o vento, não vemos mas sentimos, os mistérios da encantaria é o que sempre vai mover nossa fé.




Texto: Diego Silva(babá Otoroni)

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Festa em comemoração ao caboclo brasileiro no Kwe Otô Sindoyá


Sete de setembro, dia em que o Brasil declarou sua independência de Portugal, para os povos indígenas essa data tem um valor simbólico o qual nos remete a luta, o sofrimento e a resistência dos índios no Brasil desde quando esta terra foi invadida pelos brancos europeus que os escravizaram e os dizimaram. Hoje vemos políticos fazendo discurso contra as demarcações de terras indígenas com o discurso de que "índio não precisa de terra", lembre-se, os verdadeiros e legítimos donos da terra são os povos indígenas, e o Brasil tem uma dívida com esses povos os quais ainda resistem neste país, onde seus antepassados sofreram um dos maiores genocídio da história da humanidade. Ainda sim  muitos preferem esquecer ou fingir que não sabem, mas a História existe para nos lembrar de fatos e atos que muitos querem esquecer. 
O Kwe otô Sindoyá, através de sua matriarca Ganyakú Sindoyá- Ozanelia santos, estará realizando nesse domingo a grande festa em comemoração aos legítimos donos da terra, o caboclo  brasileiro.

🎶Brasileiro,  brasileiro
brasileiro imperador, eu nascir foi no Brasil
Sou brasileiro sim senhor! 🎶


🎶O verde é esperança

O amarelo é desespero

O branco é a liberdade do caboclo brasileiro🎶

🎶Índio guerreiro do Brasil,  tua bandeira é mais forte

Na mata escura o luar vira o dia

Vejo no  céu, o rosário de Maria

O teu passado índio guerreiro, é de luta e de dor

Índio guerreiro nunca foge de uma guerra, por isso mesmo oxalá aqui me mandou

Por muito sangue derramado, ah que me parte o coração

Sou Iguaracema eu sou caboclo, sou guerreiro, sou juremeiro a história de uma nação🎶

domingo, 2 de setembro de 2018

Qual a representação social do caboclo nas religiões afro-brasileiras?

                               
Ja respondendo a pergunta do título do texto,  para depois discorrer mas sobre o assunto, o caboclo  representa socialmente um elo direto que une uma comunidade ao sagrado, sendo assim o caboclo não é apenas aquela figura tradicional que "desce na eira para trabalhar" (baiar, cantar, consultar um cliente ou amigo, fazer uma cura com ervas e defumação, etc), mas sim algo muito mais significativo e representativo que abrange muitos outros fatores sociais e não apenas espirituais. Ao fazer a escolha de fazer parte de uma comunidade afro religiosa  um indivíduo não estará apenas entrando em uma religião, mas sim em um meio social em que a figura da família é o tempo todo presente, seja ela ao passar  a dirigir-se aos sacerdotes e autoridades daquela comunidade como pais e mães ou seja essas mesmas pessoas no mais alto posto da hierarquia ao dirigir-se a um caboclo manifestado em um noviço da mesma forma, pois a concepção de pai e mãe vai além da hierarquia quando o sagrado está manifestado em qualquer médium, assim a figura do caboclo para toda uma comunidade é vista como uma forma de respeito, a qual não depende de hierarquia, me refiro ao fator pai e mãe, mas sim uma sociabilidade recíproca, na qual o caboclo chama uma autoridade de pai ou mãe e autoridade o faz da mesma forma. Ja observando os caboclos em grande números manifestados dentro de um terreiro em diversos médiuns, nota-se que o único caboclo a ser chamado de pai ou mãe pelos próprios caboclos, é o do sacerdote(a) da comunidade, ao qual também é feito uma reverência para    
Legitimar o respeito à figura do sacerdote(a) o qual o caboclo está manifestado, que é o ato de bater cabeça (ato de tocar a cabeça ao chão diante dos pés do sacerdote manifestado, ou seja, diante do caboclo) ato esse que é uma reverência feita por diversas religiões em diversas partes do mundo, como por exemplo na Índia pelos Indús, para mostrar sinal de respeito aos mais velhos ou sacerdotes. 
Os caboclos literalmente tem um papel de representar os pais carnais dos adeptos das religiões afro-brasileiras, o qual sempre aconselham, dão aquela bronca quando merecem e em muitos relatos de adeptos,  chegam até o ponto castigar seus filhos, tudo isso para que os filhos possam fazer suas melhores escolhas assim como geralmente também os pais carnais desejam.
viva os caboclos que são nossos pais e mães espirituais que nos proporcionam a oportunidade de evolução espiritual e terrena.

Texto: Diego Silva

Axé Pará



domingo, 29 de julho de 2018


Festa de Xangô de Oyá Sindoyá 

Aconteceu no último sábado 28/07/2018  na cidade de Santarém-pa a tradicional festa de Xangô de Gaiaku Oyá Sindoyá. O evento religioso é uma tradição anual, a qual toda comunidade do Ilê Asé Otô Sindoyá casa tradicional de matriz africana, se dedica as festividades do rei da justiça, o grande orixá Xangô, divindade africana de muito prestígio no Brasil. 

Tradição, superação, prestígio e cultura. 

O Ilê Asé Otô Sindoyá, é um templo de religião de matriz africana que foi fundado a mais de 40 anos na cidade de Santarém, inicialmente começando com o culto mina caboclo, posteriormente passando também a se dedicar aos cultos as divindades africanas (orixas e voduns), o templo religioso é o único na cidade de Santarém pertencente a raiz jeje savalú, busca preservar uma cultura que resiste a séculos, que é o culto as divindades africanas no Brasil, o qual enfrentou diversas perseguições durante séculos, e a algumas décadas atrás, enfrentou o punho de ferro da perseguição  dos governos ditatoriais no Brasil. Hoje as religiões de matriz africana lutam para exercer seu direito de escolha, seu direito de liberdade religiosa e condenando sempre a intolerância religiosa que ainda é muito presente em nossa sociedade.